AKIRA

A obra-prima de Katsuhiro Otomo, mangá clássico que ganhou as telas em um longa-metragem de 1988. Eu assisti este clássico quando era pequeno e só recentemente percebi o quanto ele me influenciou. Até hoje, AKIRA é considerada uma das melhores obras da animação japonesa de todos os tempos.

A trama se desenrola após a III guerra mundial em em Neo-Tóquio, onde a gangue de motoqueiros de Kaneda esta numa briga com uma gangue rival, e acabam tendo o caminho cruzado por uma criança misteriosa que desperta os poderes latendes em Tetsuo, membro da gangue de Kaneda. O governo começa a realizar testes com Tetsuo, o que trás consequencias catastroficas. Kaneda e seus amigos se veem envolvidos em uma trama política que envolvem poderes além da compreensão humana.

Esta história com clima cyberpunk trata basicamente de poderes paranormais e como eles afetam uma sociedade pós guerra, querendo explorar a qualquer custo maneiras de superioridade bélica – mesmo que a custa de crianças. Interessante ver a visão de futuro de Otomo que possuía muitos fatores existentes mesmo 23 anos depois.

O mangá foi publicado no início da década de 90 pela editora Globo, na mesma época do lançamento do filme por aqui. O mangá veio da versão americana, que passou por um processo de espelhalização para ficar no sentido da leitura ocidental. Existem diferenças entre as versões de mangá e anime, principalmente porque o anime saiu antes do fim do mangá.

Akira também foi um marco pelos recursos que usou em sua produção. Otomo utilizou um processo chamado PRESCORING, onde as falas dos personagens foram gravadas antes da fase de animação, podendo assim criar uma sincronia nos movimentos labiais dos personagens quase perfeita. A fabulosa trilha sonora também foi elaborada antes da pós produção, para ter também sincronia com as cenas e sonorização. Ao conjunto japones Geinō Yamashirogumi, liderado por Shoji Yamashiro, foi requisitada uma trilha que unisse elementos tecnológicos e étnicos de 1988 que ainda fossem presentes em 2019. O resultado foi um grande mistura de gêneros que se valaeram de recursos como sons MIDIs, instrumentos estrangeiros e vozes humanas (a música tema de Kaneda é uma das minhas favoritas).

Um longa metragem americando de AKIRA vem sendo sondado a muitos anos –  o que tem assustado muitos fãs. Até a publicação deste post, as noticias diziam que a Warner Bros. vai produzir o filme que terá roteiro de Steve Kloves (que já trabalhou na série Harry Potter), e terá James Franco (o Harry Osborn da primeira trilogia Spider-Man) como Kaneda. As opiniões sobre a ideia do filme são diversas (Parece que o filme vai se passar em “Neo-Manhattan”). Esta blasfemia pop ganhou um movimento forte de antagonismo liderado pelo ator George Takei (o Sulu da série clássica de STAR TREK), que iniciou um abaixo assinado para que a adaptação no mínimo respeite as características asiáticas da obra original. Se você tem uma conta no Twitter e esta afim de apoiar a campanha clique AQUI.

Eu assisti AKIRA em VHS no começo da década de 90. Eu era criança e acostumado a ver desenhos infantis como Smurfs, Thundercats, Caverna do Dragão e Disney. Quando olhei aquela animação diferente com uma trama cheia de violência e imagens fortes, minha cabeça explodiu. Naquela época eu não havia entendido muito bem a trama, mas fiquei fascinado pelo espetáculo visual que era aquilo tudo. Eu assisti estes dias novamente e percebi como AKIRA me influenciou na minha forma de criar histórias e personagens e até no meu comportamento. Basicamente, a maioria dos protagonistas que eu criava seguiam um padrão de jaqueta remangada, camisa preta e luvas – igual a roupa que o Kaneda usa. Akira foi o primeiro anime que eu lembro de ter assistido e foi um dos grandes responsáveis para que eu adotasse o mangá como estilo de desenho.

Na esquerda Kaneda, protagonista de Akira, que me influenciou mesmo sem eu perceber. No centro esta Ben, protagonista da minha série Dragão Escarlate, e na direita um desenho de mim mesmo.

AKIRA foi um marco na animação, e de certa parte foi um dos responsáveis pela explosão das animações japonesas no ocidente. Toda esta polêmica da adaptação americana esta servindo ao menos para fazer esta geração ir atrás deste fantástico trabalho de Katsuhiro Otomo, que até hoje influencia a cultura pop.

Fontes:

Cinemablend

Revista Universitária do Audio Visual

8 Respostas para “AKIRA

  1. Muito bom post! Akira é classico de primeira. Já havia visto animações japonesas antes na TV, mas Akira foi um dos que mais me influenciou como história (leiam Menores do Amanhã) e me trouxe novamente ao mundo dos animes.
    Comprei o DVD duplo, mas é claro que você já deve saber disso Rodjer… Ehehehehehe…

    • Claro que sei, deixo aqui meus agradecimentos especiais ao Rogério por ter me emprestado o DVD duplo, ou este post nunca ganharia vida! =D

  2. Akira é realmente o que todos os animes deveriam ser, tecnicamente falando. Assisti primeiro na BAND e mais tarde, “loquei” a fita, com legendas. XD
    TETSUOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!

    KANEDAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!! \o/

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